1. |
Cristo Vermelho
02:03
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Ave Cristo!
Envolto em manto vermelho
Sangue comum é quem morre
De indigência, de falta
De esperança podre
Comprada com moedas e
Votos de confiança
Conforta e promete
Um futuro por um preço
Cristo Vermelho
Filho de deuses e
Ritos e práticas genocidas
De corpo, mente, bolso e alma
De quando o homem perdeu
O poder de decidir por si mesmo
Será o Cristo Vermelho?
Andando sob as águas
Fiés bêbados se afogam
No mártir da causa
A nova religião
Igrejas, cruzadas, a Roma cristã
Quem é Pilatos, quem é Jesus?
Companheiros dando-se as mãos
Distantes da cruz
Para quem quer Cristo?
Um novo deus
Melhorado, convertido,
Distorcido, melhor
Para quem quer um Cristo Vermelho
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2. |
Castre-me
01:28
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Castre-me! Por favor!
Não quer sexo
Não fale, me cale
Nem me deixe pensar
Desligue o som
Ponha sua roupa
Destrua a libido e
Quebre a TV
Jogue fora essa revista
Desligue o computador
E com ele seu machismo
De achar que
É produto barato
Desnudo de vergonha de saber
Que falam de você e te usam
Como desculpa para vender
A ideia de que mulher não luta
Que é submissa, muda, burra
Uma escarradeira vazia
Pronta para "amar"
Castre-me agora
Não quero sexo
Quero entender
Como é possível
Usar seu corpo
Como acessório e
Ter sua aprovação
E mais que isso a sua diversão
E, mais ainda, te ter de volta
Castre-me agora. Não quero sexo.
Quer dizer que não te quero
E, condenada, espero
Que seu futuro seja diferente
Um ser humano dormente
Velho, engilhado, feio
Que vai olhar para trás e
Achar que viveu
Como objeto de diversão masculino
Um boneco, um brinquedo e
Motivo de piadas
Castre-me. Agora. Por favor.
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3. |
Ego
02:28
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Cego, surdo, mudo
Imóvel, hipócrita, ileso
Futuro certo:
Mais um composto
Da argamassa apática
Egoísta, sozinho: dignidade intacta
Número, cifra, ficha
Documento, estatística
Potencial de consumo
Coma, compre, vote, pague
Produza, acorde, recicle e morra
Bombas de luz, consciências sem nome
Um corpo sem forma,
Sem rosto, sem alma
Indivíduo, coletivo
Harmonia: ego
Vanguardas, a massa
Partidos, bandeiras
O povo, os porcos
O império vermelho
Camarada, um nome
Minutos de ódio
A mão, o domínio
Meu inimigo
Seita ateísta
Jovens, doutrina
Panfletos, a causa
Revolucionária
Camaradas sem nome
Em nome da luta
A ditadura do povo
Mata a alma
Não somos iguais
Tampouco comuns
Um corpo sem forma
Sem rosto, sem alma
Indivíduo, coletivo
Harmonia: ego
Ego, mente, vida, alma
Domínio, repúdio
Protesto, revolta
Ser eu, ser um
Povo, não massa
Nem capital
Nem comunista
Nem escravo de nada
Eu quero ser eu
Acho que vou desmaiar
Diluído nos mares vermelhos
E números
Eu quero ser eu
Nem que morrer traga de volta
Meu ego
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4. |
Grito
00:43
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Asfixia, tormento e dor
Há tanta indiferença
Que falta forças para lutar
Não há nem mesmo uma lágrima
Ou gota de sangue que mate
Essa revolta
Só há o grito (e a voz) que
Salva a mente do caos
Que diante do abismo
Ascende à chama
Que inflama e corrói os
Grilhões da alma
E ergue o punho
Diante do fim
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5. |
Será Você?
00:52
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O que há?
O que houve com você?
Onde está quem você queria ser?
Aonde foi parar
Tudo o que acreditava?
Será que era besteira?
Você acreditava?
Eu me lembro bem
Você não aceitava
Você dizia não
Você não se dobrava
Será que tudo aquilo
Era só pirraça?
Será que era revolta
De uma criança?
O que há? O que houve com você?
Onde está? O que foi que aconteceu?
Será que se perdeu? Sei que você não esqueceu
Será que ainda está aí? Sei que você não esqueceu
É, o que há? O que houve com você?
Onde está? O que te fez esquecer?
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6. |
Ode ao Fim do Mundo
02:03
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Lágrimas de ácido, suor, sangue, escarro
O urro do demônio exposto é um hino de escárnio
De repúdio, ódio e vitória
De olhares firmes e punhos cerrados
De homens sem rosto, mulheres e escravos
Cantando sobre cinzas e sobre ruínas
Sobre o fim da era dos abismos
Na escuridão o medo morre com
O primeiro verbo
É eterno mesmo em um minuto de barulho
É vingança, é genocídio, é todo desejo de ser compreendido
É o fim do homem mudo, o nascimento do homem vivo
É o sol nascendo mais um dia
É o tempo correndo reto
É a mão largando a prata
Erguida alto em glória
É toda opressão jogada fora
É a luta, é a vitória
E assim o novo mundo nasce
E assim vive a alma
Livre do peso
Livre do medo
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7. |
O Grande Branco
01:30
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Ele vem do leste
Movido a ódio
Ele vem do leste
E quer vingança
Não pensem que o mataram
Não se enganem
Pois ainda vive
No coração das crianças
O grande homem branco
Se levanta e ergue o braço
E presta reverência
Ao grande pai da intolerância
Pois todos seus amigos
Nada temem e nada falam
Pois foram todos cegos
Pelo pai da complacência
Atravessa os oceanos
E vem do norte
Seu ódio irracional
Banhado em sangue
Com uma cruz estranha
E no estandarte
A ave de rapina chamada morte
O grande homem branco
Se levanta e pega um barco
E presta reverência
Ao grande pai da intolerância
A águia que um dia caçou pela liberdade
Agora caça negros e se farta com seu sangue
Mas na terra prometida
Não existem brancos
O Brasil é um país sem preconceitos
Quem se importa com um exército de arianos
Se a indústria da seca mata os nordestinos?
O grande homem branco
Se levanta e ergue o braço
E presta reverência
Ao grande pai da intolerância
Pois todos seus amigos
Nada temem e nada falam
Pois no fundo também são
Como a ave de rapina
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8. |
Um Drink Amargo
01:11
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Seiva semimorta
Semiviva, semi-exposta
Indigesta, digerita
Azeda, semi-pronta
Pré-programada, enzimas, hormônios
Currais e choques, baias racionadas
Masturbação violada, estupro, maternidade
Filhos artificiais, mãos calejadas
Leite à terra, currais de humanos
Supermercados
Quem é gado?
Seiva semimorta
Semiviva, semi-exposta
Indigesta, digerita
Azeda, semi-pronta
Pré-programada, enzimas, hormônios
Currais e choques, baias racionadas
Leite à terra, currais de humanos
Supermercados
Quem é gado?
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Rabujos Recife, Brazil
Rabujos é uma banda de grindcore formada no Recife, Brasil, em 1994.
Rabujos is a grindcore band formed in Recife, Brazil, in 1994.
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