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Quatro Mil Corpos

by Rabujos

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1.
Massacre a mais Massacre a menos Tanto faz Quem morre na vala De fome ou de bala É enxerto ou estorvo Cubro o olho Escondo o rosto Na grade da janela Entre as barras O mar de corpos pardos Na estrada de quem vai De quem ia Há poças no asfalto Rubro sob o sol do meio-dia Cozinha o fôlego num poço O enxofre lava a mesquinharia A ferro e fogo e estrondo O casco de Marx O deus da guerrilha
2.
Na outra face do Cristo Há um buraco de bala e Sete de faca e Um trapo pingando agonia Na carne, o fogo Do inferno na terra Arde e arde Há chagas nas mãos Atadas às costas Com nylon e arame E a corda Um nó na garganta E a língua cortada Na outra face do Cristo Os ossos sem pele E a boca sem dentes E o cheiro e o cheiro Queima as narinas Marca a memória A outra face do Cristo Ou o que resta
3.
Faca e Faca 01:58
Um trago E eu trago A morte no hálito O aço e o risco no espaço Entre o sopro e o grito Faca e faca Na ponta do ódio Na fúria que rasga No calor da raiva É só o tempo De beijar A sua carne Entre um gole e mais um gole Veneno e sangue Cruza o ar Face a face Jugular Em seus olhos Não há É nascer ao inverso De novo e de novo Em seu ventre exposto Há um corpo morto E vejo meu rosto
4.
Foice 01:41
Foi-se De vez Promessa e palavra Fica Sempre A cerca e a farpa Preso do lado de fora A paisagem implora Suor, semente, enxada Toda a vida de volta Foice, sangue Saque, fúria Fome, muro Guerra, bala Foi-se De vez De novo História
5.
Beco 02:01
Os cacos de vidro e A ferrugem dos pregos Sobre a cama de lixo No sala de estar Incomodam Tanto quanto o vizinho Que enche a cara de Dúvida e medo Da noite e Sempre que passa Na porta e Funga com nojo do Cheiro de álcool E urina O cheiro do beco É o cheiro da vida Na margem do abismo Entra a vala e a via Onde as cores são vivas E os passos têm Pressa demais A metrópole é A sombra, rapaz É tudo mentira
6.
Cadáver 01:47
Berço entre o asfalto E a passagem dos fidalgos Beijo entre um resto E um rosto deformado pelo pouco Migalhas desse ouro A usura perdida Entre tempo e olho Invisível, enforcado, Mal nascido por destino Condenado ao ostracismo Meu carinho sente nojo E o repúdio vira medo Cadáver ou natimorto O aborto tem pulso E talvez o seu nome Seja Fome ou Esgoto
7.
Morreu por nada Por motivo fútil Uns cigarros falsos Vinho vagabundo Dez contos que seja Ou uma pedra Ou um furto Devendo a quem não deve dever Uma raiva, se muito Morreu por sexo De briga, por falta de sorte Ou de posse de três balas Não deflagradas Nasceu morto, um aborto Da história, do ventre à cova Aberta na veia cava Morreu num sopro De vento no pó ao pó Cercado de amigos e só De fila, de susto Morreu como veio ao mundo Sem dentes, sem nomes Sem flores e nu
8.
Quatro mil corpos Na cota de seu genocídio É motivo de orgulho e Medalhas e cargos e os Mais altos salários E sorrisos Dos magistrados e Suas penas de morte e Com sorte há silêncio No condomínio fechado Para o mundo lá fora Para os de pele escura Com menos de vinte E bem menos prata O destino é um estampido Que ninguém nota Só anota na folha amarrotada O número, a hora e a data O vulgo, a idade e a Provável causa
9.
Nada Importa 01:10
A dor de um nervo exposto O temor da manhã O tumor de viver na rua Se for o seu destino Nada importa Morrer na praça, suicida Trocar tiros ou filhos por comida Só fumaça por companhia À noite antes de dormir Nada importa
10.
Rosto queimado por ofensas e Pontas de cigarros Se o beijo é a véspera do escarro Para ela foi medo, surra e Três fetos mal formados Desde o início teve Gosto de álcool Com sangue na seda E gritos na alcova Seu amor era seco E sem finais felizes
11.
Antes de medo Morreu de bala Antes de fome De tédio Antes do tempo Soubesse do fogo Antes da morte Antes do fim Dezoito Tinha bem menos Pecados Tinha fugido E vivido antes De sobras e saques E vícios e mortes Na linha Entre a sina E a sorte Antes do fim No beco, na margem No fim da fila Antes da luz Antes do urro Já nasceu de bruços Sozinho e no escuro Depois do fim
12.
Exílio 01:42
"Fora" "Saia" Esse é o holocausto Do não Anjo banido No inferno Da esquina Na face, abandono No punho, vingança Fome é esfinge urgente Sempre devora no fim Na face, abandono No punho, vingança E eu que só queria Ser feliz Uns minutos Me choco No muro Em teus olhos E me encho De cólera E lágrima Sob a voz Que impera Que eu suma O vazio Da vida Jaz No horizonte Do oco Da fome
13.
Vomita sangue e sêmen Lágrima e dor E o paraíso perdido e O que lhe resta de humano Um corpo estranho é mais do que um corpo Tanto nojo, tanto nojo Nem chegou a saber o que é amor E já apodrece com câncer de afeto Além da infância que morre em seu peito E em seu ventre a memória do medo Dois abortos, três abortos Só feridas abertas
14.
Corda curta Teto baixo Meio passo Fracasso e d’vidas A guerra de dias e dias e dias N—ó na garganta Engasga saliva Talvez na segunda As p’ílulas da garrafa cinza A cura para a febre fria A carta n‹o serᇠlida O giro do carrossel O estalo, o berro e A despedida

credits

released September 8, 2015

All songs written by Rabujos in its many, many formations in the past eight years...
Special thanks to:

- Diego Barcia and Carlos Cavalcante - you're part of this
- Raone Ferreira - your art is part of our identity now
- Pedro Santos - we wouldn't have recorded this without you. Literally.

- All the fans, bands, artists following us since 1994. You don't rock. You grind!

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Rabujos Recife, Brazil

Rabujos é uma banda de grindcore formada no Recife, Brasil, em 1994.

Rabujos is a grindcore band formed in Recife, Brazil, in 1994.

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